terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Dia de Campo em São Bento

Na última sexta-feira fiz mais uma viagem de trabalho ao sertão. A seca ainda castiga a região, estamos chegando em fevereiro e não vimos chuva. Mas o que tem se tornado fato na mídia mundial é a mudança repentina no clima e não o problema localizado da seca nordestina.
As razões da mudança climática presenciada é tão complexa quanto a previsão de chuva em 5 dias. A preocupação se esta variação climática é mais uma era natural ou se está sendo forçada pelo colapso ecológico provocado pelo homem é tão útil quanto perguntar ao médico se o fumo lhe acometerá de câncer. De fato a conduta pessoal que provoca reações adversas pode ou não ocasionar conseqûências maiores, mas por que negligenciaríamos as menores?
Desta forma, questionar se devemos cultivar no modo orgânico ou convencional é negligenciar os efeitos menores, podendo ainda ser conivente com o desastre ambiental futuro.
Ao entrar na produção agrícola deste ano, tomei-me por esta preocupação e resolvi plantar algodão colorido orgânico. No instante em que me vejo prestes a iniciar o plantio, já ansioso pela chuva que não chega, participo de um 'dia de campo' da Embrapa, em uma propriedade no município de São Bento, cujo produtor está colhendo algodão de plantio no modo convencional.
Em pivô central, com o uso de inseticidas e herbicidas. Como é muito confortável falar na teoria, relato algumas falhas no seu cultivo.
Primeiramente, o agricultor desrespeitou a época de plantio. Colocando em risco não apenas a produção de seus vizinhos, como a própria colheita e talvez o mais grave: enquanto a população visitava igrejas e rogavam a São Pedro por chuva, o mesmo rezava por uma estiagem.
Em seguida, o agricultor não reduziu de forma uniforme o número de plantas que crescia em cada cova. Ficando explícito em toda a área a alta produtividade da planta única em sua cova frente à baixa produtividade das plantas com dois ou três pés em sua cova.
A aragem contínua do solo por várias safras e o plantio com uso de herbicida provocou uma compactação do solo, fazendo com que as raízes não desenvolvessem adequadamente (agravado pelo solo raso).
O desrepeito ao meio ambiente quando fez uso imediato de inseticidas para combater as pragas, mostrou a ausência de compromisso social. Contribuindo para o aquecimento global, o desequilíbrio da população de insetos, etc.

Outras Observações:
A região vem sendo acometida por uma praga incomum à cultura do algodão, a cochonilha. Embora tenha sido fortemente infestada, apareceu apenas no final do cultivo, comprometendo apenas a produção dos capulhos mais elevados.
A cochonilha poderia ser combatida com água e sabão, no modo orgânico.
A ausência de barreiras naturais proporcionou o aumento do ataque das pragas.
O resultado operacional apresentado foi considerado muito bom, com retorno de mais de 50% sobre o custo mercadorias vendidas, embora as receitas ainda tenham ficado nas projeções, pois ainda estavam em colheita.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Esforço por saúde

A crise na saúde está tomando caminhos nunca antes vistos. Mas só é verdadeiramente sentida por aqueles profissionais que sabem quais medicamentos e qualidades, existentes no mercado, que que poderiam ser medicados não fosse a irresponsabilidade da tabela SUS, mas o paciente e o contribuinte não imaginam que tais medicamentos existam, passando a sentir dores maiores.
A crise é reconhecidamente crítica quando se toma conhecimento dos procedimentos ultrapassados que são praticados frente à tecnologia do primeiro mundo, existente no próprio país, mas que o paciente nem imagina que um dia possa existir.
A crise é vista por profissionais que sabem os exames e as imagens que poderiam ser gerados para maior segurança e eficácia do procedimento médico, mas são exames desconhecidos pela população (assim como sua necessidade) e que por isso não são exigidos pela grande massa.
A crise não é sentida pelos governantes, porque estes pagam por sua saúde, a crise não é sentida pelos governantes porque a população não urge e a morte de um ente torna-se apenas uma fatalidade, conformação e resignação, sem nenhuma reclamação.
A crise não é sentida pelos governantes porque os profissionais de saúde não têm voz presente, não propagam para a população pouco instruída que existem métodos melhores e mais eficazes.
O egoísmo das pessoas que medem esforços para saúde é tão grande que não permite ajuda a elas próprias, porque o melhoramento das atividades privadas está limitado pela decadência do atendimento público, por questão de escala e transferência de recursos da atividade privada para o SUS.
Mas a cegueira que atinge o cidadão, o atinge também. Mal sabe ele que seu atendimento será pior quando se deixa piorar o serviço público. Que no caso de emergência, ele será levado ao mesmo hospital público que deixou sucateado. E que se não for ele, será o filho, a mãe, a prima, avós ou qualquer outro parente.
Para melhorar o serviço, temos vários caminhos: Equipamentos, Materiais, Medicamentos e Mão-de-obra de qualidade.
Todos, exceto a mão-de-obra, são tecnologias importadas. Portanto, para que o setor seja fonte de crescimento para o país, esses itens devem sofrer fortes incentivos à pesquisa e desenvolvimento na saúde, ação já iniciada pelo governo federal.
Mas essa ação demora o que a vida não pode esperar. O segundo passo é a modernização via importação, com financiamento securitizado pelo próprio governo para hospitais de atendimento ao SUS.
No caso de medicamentos, sugiro seu fornecimento direto aos hospitais, descontando o valor do medicamento do pagamento do SUS. Desta forma, o governo poderia economizar para os hospitais na compra de medicamentos.
A mão-de-obra poderá ganhar qualidade com programas do próprio governo. Programas de treinamento e aperfeiçoamento de técnicas.
Proponho transferir custos para o governo, principalmente os que envolvem rápida depreciação, propiciando a melhoria técnica do atendimento. Àqueles que são egoístas, ásperos em relutar contra a ajuda governamental, peço que reflita sobre a história recente dos hospitais que serviram ao governo, arruinarando o patrimônio, precarizando a saúde para continuar a oferecê-la e que também lembre que um dia poderá utilizá-la com maior segurança.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Forçado?

Segundo o deputado estadual, Lindolfo Pires, "o governador foi forçado a tomar tal medida. Nenhum governante de bom alvitre faria isso se não fosse extremamente fundamental para a sobrevivência de toda a máquina administrativa", referindo-se à recente leva de servidores estaduais demitidos.
Concordando que nenhum governante faria isso se não fosse extremamente fundamental venho questionar quem, como e quando fora criada a necessidade da ação. Essa ação em prol da sobrevivência financeira do Estado, foi necessária, pois a herança não lhe era saudável.
Ficou explícito, no entanto, que a herança foi fruto da reeleição, basta contabilizarmos as contratações realizadas no ano eleitoral frente aos demais anos.
O excesso de coleguismo não pode exceder a razão. Tudo será resolvido, sem pieguices ou bajulação, será resolvido. A ajuda que o governador precisa hoje é de retirar o caso da mídia, contornar a parte jurídica. O governador logo deixará claro que o assunto apareceu, mas não foi para criar mídia para seus parceiros.
Como será que forçaram o governador a contratar e demitir? Se alguém o forçou, esse alguém foram os correligionários que não abraçavam a causa política, mas atuavam como mercenários em busca de cargos para conseguir votos. No fim, quem forçou tudo foi a população que adotou a prática como normalidade eleitoral e tornaram-se mercenários eleitorais.
Envergonhem-se de si, depois procurem colocar a culpa em alguém.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Nova Eleição?

O governador da Paraíba vive momentos difíceis para manutenção de sua governança. A seqüência indesejável de fatos que presenciamos esta semana não teve outro efeito primário senão a redução da governabilidade no início de seu mandato.
É comum que os membros do executivo recém-eleitos desfrutem de excesso de governabilidade e que, com o desgaste natural de todo governo, esse poder se reduza. No entanto, vivemos na paraíba um momento distinto, o governo já começa com forte crise financeira (diante da péssima situação fiscal e orçamentária com que o novo governo de deparou) e política (com os processos de dissolução do governo).
Focando-me na crise política, esta teve início com o anúncio de uma demissão em massa de servidores públicos em cargos de confiança, justamente aqueles que confiaram o voto. Em seguida, a crise se estendeu aos financiadores de campanha, frequentemente com relações com o estado em obras, fornecimento de materiais e serviços, devido à suspensão de praticamente todas as obras do estado.
Com o Ministério Público Eleitoral entrando em cena, esses financiadores vivem momentos de aflição. Essa aflição é provocada por várias razões, seja por obterem vantagens ilícitas dentro do governo, seja pela possibilidade de mudanças de prioridades com a instalação de um novo governo. Por exemplo, a prioridade de construção de casas populares pode ser trocada pela ampliação do acesso à saúde de qualidade, desta forma, os construtores de casas perderiam, fato que os leva a investir, de forma lícita, na campanha de um e não na de outro.
Mas o MPE resulta em complicar a eleição da presidência da Assembléia Legislativa. Quando a candidatura de Artur Cunha Lima se consolidava, o MPE jogou lama no ventilador, fotalecendo uma chapa eclética, independente ou de oposição, pois o cenário jurídico mostra que o presidente da Assembléia poderá ser governador por algum tempo e ganha ainda mais importância se houver novas eleições no estado.
Esse pirulito todos querem tirar, mas agora a oposição tem a carta na manga para eleger uma chapa centro-oposicionista. Os votos desse momento não têm preço, e se, mesmo assim, tentarem precificar, o prejuízo tende a ser maior, pois não haverá confiança e muito menos meios de pagamento.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Pelo fim da prostituição eleitoral (e todas as demais)!

Neste dia, o Ministério Público Eleitoral pediu a cassação do Governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, sua fundamentação:
1) Não havia base legal orçamentária para execução do programa de distribuição de cheques, pela Fundação de Ação Comunitária (FAC) que combate a pobreza com recursos do Fundo de Combate à Erradicação da Pobreza (Funcep).
2) Ausência de elementos comprobatórios da carência dos beneficiados.
3) Elevação dos gastos da FAC durante o período eleitoral (Seguindo informações do Tribunal de Contas da União)
4)"existiu a associação da entrega do cheque a pessoa do governador Cássio Cunha Lima, que atendia a população pessoalmente e por intermédio de cartas"
5) Algumas pessoas negaram ter recebido os referidos cheques, mas afirmaram ter recebido produtos como cadeiras de rodas e aparelhos auditivos, adquiridos com intermediação de servidores públicos.
6)Pagamentos efetivados a pessoas que não poderiam ser consideradas carentes, como é o caso do secretário-chefe da Casa Civil, João Fernandes da Silva.

Enquanto o assunto surgia na mídia, o senador Efraim Moraes considerou que “o mandato de Cássio não corre risco, a eleição do governador é a vontade soberana do povo paraibano e precisa ser reconhecida e respeitada”.
Com esta afirmação o senador Efraim está apostando na inocência do governador, ou exagerando no companheirismo. Primeiramente, para que a vontade do povo seja respeitada, os eleitores devem votar de forma autônoma e espontânea, definindo sim a maioria democrática. Mas caso haja uma sedução malévola, esta espontaneidade lhe fora retirada e ocorrera um estupro à escolha democrática.
Todos os homens estão sujeitos a cometer erros, quando existe uma necessidade maior, mesmo que o homem seja de boa índole, ele se sujeita a tarefas pouco éticas, uma delas seria a venda do voto. Mas o infrator que incitou e se aproveitou da fraqueza alheia para seu próprio benefício não deve estar isento da culpa, pois aconteceu um abuso à moral alheia.
O sujeito que teve a moral ferida por influência alheia, carregará consigo para sempre as marcas de um ato ilícito, pendendo a considerá-lo normal, numa tentativa de esconder seu erro na própria consciência.
O mesmo ocorre com as sociedades. Carregamos marcas de escolhas e atitudes erradas no passado, e, numa tentativa de escondê-lo tentamos torná-lo comum. O primeiro ato é perguntar: E quem não faz? O segundo ato está em incitar os outros para que façam o mesmo. O terceiro está em sujar a imagem dos que nunca fizeram. Desta forma, carregam-se marcas na sociedade que afetam a educação, produção e crescimento físico e mental.
Portanto precisamos de ajuda para mostrar em quem a população votou e se ela quis. Para que possamos apagar as marcas do passado sem corromper as outras pessoas e proporcionar mais selvageria.
Esperemos as investigações e não adotemos discursos simplistas e covardes. As evidências são muitas, muitas são as provas. Fçamos uma nova eleição para que a Paraíba, envergonhada, possa escolher seu governador, sem colocarmos como opção aqueles que ludibriaram e se aproveitaram da fraqueza alheia.Sem aqueles que desejam que os pais prostituam a si, aos filhos e aos amigos.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Herança Maldita

Nos primeiros dias do governo, o governador da Paraíba mostrou grande interesse em reformar a máquina estatal. Além de já ter lista de demissão por força da lei anti-nepotismo, criara a instituição da disponibilidade. Se a austeridade anunciada do novo governo se confirmar, o governador utilizará desse instrumento apenas como transição para redução da folha não apenas em volume, como em número de funcionários. Se a disponibilidade permite reduzir o volume de gastos com pessoal ineficiente ou ausente, ela findará com a demissão dos mesmos.
Quando o governo revela que a folha está um assombro, realmente deve estar. Mas, dado meu ceticismo, fui à procura de informações da administração pública para poder contribuir com alguma idéia. Tentativa frustrada, pois o Sagres, sistema de fiscalização das finanças públicas, estava fora do ar.
Ao mesmo tempo, em recente entrevista ao jornal da Paraíba, o senador eleito, Cícero Lucena, defende o Paraíba SIM como exemplo de incentivo às micro e pequenas empresas. Confrontando essas duas informações, precisa-se encontrar se o problema está na queda da receita do estado ou no aumento das despesas. Fato que se revelará no início desse ano, com a divulgação das execuções orçamentárias estaduais desse ano, por parte do Tesouro Nacional.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

"Não podemos desperdiçar energias, talentos, esperanças" - Discurso do Presidente.

É de costume o líder nacional levantar o brio da população. Assim caminhamos de cabeça erguida, temos mais coragem, liberamos maior quantidade de endorfina e, consigo, maior felicidade nos é proporcionada.
É de costume o líder nacional levantar o próprio brio. Principalmente para que os adversários acreditem, baixem a cabeça e deixem o homem trabalhar (com maior governabilidade).
Desconsiderando as práticas costumeiras, o aspecto mais positivo do discurso do presidente foi o detalhamento de determinadas ações e a ratificação de algumas prioridades já lançadas no passado.
Quando um governo assume e fala em austeridade, deseja-se angariar maior confiança. Papel cumprido na afirmação: "Sei que o crescimento, para ser rápido, sustentável e duradouro, tem de ser com responsabilidade fiscal. Disso não abriremos mão, em hipótese alguma."
Mas falar em ousadia é falar de mudanças e riscos. De forma que quanto maior o detalhamento da ousadia, melhor. Assim, adentremos no discurso do presidente.

Investimento
"ampliar e agilizar o investimento público, desonerar e incentivar o investimento privado. "
O governo estimulará o investimento com políticas setoriais. Nesse esforço, espera-se abertura de diálogo com todos os setores da economia. Esse recurso poderá ser muito eficiente para solução de controvérsias políticas, pois a barganha política poderá estar vinculada a apoios setoriais promotores do crescimento. Desta forma reduziria-se o custo de governabilidade, ou a solução de litígios estaria vinculada à expansão do investimento. Setores ligados à base energética estarão com maior poder de barganha.

Produtividade
"um amplo programa de incentivo à produtividade das empresas brasileiras, facilitando a importação de equipamentos; melhorando a qualidade dos tributos; favorecendo o acesso à tecnologia da informação, apoiando a inovação; e estimulando a integração empresa-universidade"
O governo está percebendo que a batalha cambial tem limite. Não poderemos levar o saldo da balança comercial muito adiante com a atual taxa de câmbio, muito menos poderemos respaldar a atividade exportadora em políticas cambiais. A indústria terá que se preparar para competir. Esse aumento de produtividade fortalece a política de estabilização de preços e metas de inflação em dois sentidos, ao evitar políticas cambiais protecionistas e ao reduzir o custo de produção em moeda doméstica. É a indústria pautada na economia real.

Guerra Fiscal
"E vamos consolidar, em harmonia com esta Casa e com os Estados, a legislação unificada do ICMS, simplificando as normas, reduzindo alíquotas, com previsão de implantar um único imposto de valor agregado a ser distribuído automaticamente para união, estados e municípios."
A redução da guerra fiscal proporcionará maior previsibilidade aos investidores, que se vêem frequentemente ameaçados por ganhos fiscais de seus concorrentes. Esse esforço reduz também o risco político nos negócios quando grupos econômicos vinculados a políticos passam a auferir menor liberdade administrativa.
Nesse aspecto, os estados do nordeste esperam conseguir reduzir a disparidade arrecadatória com São Paulo, onde, mesmo que não se consiga a arrecadação no consumo, haverá uma tentativa de impor políticas fiscais redistributivas (com base arrecadatória no ICMS). Embora o Nordeste tenha sido reconhecido como a base eleitoral do presidente, o forte relacionamento do presidente com o ABC paulista tende a não conseguir evoluções nesse sentido.

O presidente conseguiu passar sinceridade em seus desafios, revelou que ganhou experiência administrativa e que implantará verdadeiramente um novo ritmo na administração. Se assim o fizer realmente não desperdiçará esperanças.
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