domingo, 15 de março de 2009

Como acabar com a crise

Afora o oportunismo político dos setores mais diversos da economia e os picos e vales da euforia nos mercado financeiro, a crise mais do que explicação precisa de teoria. Teoria que sirva como credo psicológico, fé religiosa ou uma retumbante explicação sobre cenários caóticos, mas principalmente que venha a acalmar e guiar a sociedade capitalista ao rumo da luz.

Alguns fatores devem ser considerados à formação ideológica necessária para retomada da confiança do consumidor e dos investidores. Primeiramente, percebe-se o ensejo da população em não ajudar os agentes financeiros causadores, seja como vingança de um período recessivo lucrativo aos bancos, seja por priorizar o capital produtivo, mesmo que desprezando a forte conexão entre ambos. Segundo, a difícil retomada do crédito e do investimento, tarefa notoriamente abandonada pela iniciativa privada e cedida ao governo.

A crise de crédito norte-americana mostra-se notadamente como uma crise de credibilidade do sistema financeiro, tendo em vista que a base monetária do país praticamente dobrou em aproximadamente 4 meses. A perda de confiança sobre o sistema aliada à expectativas de perdas do setor produtivo e redução do consumo, mostra que reduções de taxas de juros não proporcionarão nenhum efeito sobre o investimento.

A conjuntura de baixa inflação, redução do PIB, aumento abrupto da base monetária e baixa confiança do consumidor, faz com que o custo de manutenção do dinheiro entesourado fique muito baixo, consolidando esta posição no ambiente de incerteza.

A medida mais adequada seria então elevar o custo de manutenção da moeda. Ou seja, reduzir a demanda por moeda, tendo duas formas mais simples: alta inflação ou alta de juros. A alta da inflação pode ser algo muito demorado no ambiente traçado, além de que, se manipulada de isoladamente por uma autoridade monetária, pode proporcionar danos irreversíveis à moeda nacional, portanto a elevação da taxa de juros dos países desenvolvidos é extremamente necessária.

Desta forma, o governo passa a ser o único agente captador de recursos financeiros, bem como agente isolado de investimento em capital produtivo. A nacionalização do sistema financeiro ou parte dele passa a ser apenas um passo para a nacionalização do investimento.

No caso brasileiro, devemos nos preparar para uma pressão ainda maior sobre o câmbio e a interrupção do movimento de redução da taxa de juros. Não se pode mais utilizar a taxa de juros como ferramenta de estímulo à atividade econômica, mas apenas como redução do déficit operacional. A medida mais adequada seria de esterilização por parte da política monetária, permitindo a recomposição do setor exportador.


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