quarta-feira, 6 de junho de 2007

País colhe primeira safra de algodão colorido orgânico. (Matéria do Estado de São Paulo de 06 de junho de 2007)


Cultura é mantida por pequenos produtores do sertão da Paraíba, com apoio da Embrapa e reunidos em cooperativas.



Reportagem:Fernanda Yoneya

Começa no fim deste mês a colheita da primeira safra comercial de algodão colorido orgânico do País. O produtor Felipe Motta Benevides Gadelha, da Fazenda Santo Antonio, em Bom Sucesso, no sertão da Paraíba, cultiva algodão em três cores: branco, verde e rubi e fará a colheita em parceria com a Cooperativa de Produção Têxtil e Afins do Algodão do Estado da Paraíba (CoopNatural), Embrapa Algodão e a Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD).A produtividade média deve alcançar 1.800 quilos/hectare.
"É difícil prever no orgânico, por causa das pragas. Mas, no atual estágio,
conforme dados da Embrapa e do produtor, a produtividade esperada é
satisfatória."
Gadelha plantou, além de 23 hectares de algodão branco, 5,5 hectares com BRS Rubi e 8 hectares com a BRS Verde. Conforme cálculos do pesquisador Luiz Paulo de Carvalho, da Embrapa Algodão, paga-se de 30% a 40% mais pelo algodão colorido, que tem consumo limitado e poucas indústrias trabalhando com o produto. É possível que haja um ganho ainda maior, por ser também orgânico.Segundo o produtor, definir preço e mercado é o mais difícil. 'Cotonicultores orgânicos desorganizados perdem valor agregado e preço', diz. APELO ECOLÓGICOA CoopNatural compromete-sea adquirir 100% desta primeira safra. A colheita deverá chegar a 2 mil quilos/hectare de algodão seridó, de fibras mais longas. 'Foram plantadas cerca de 100 mil mudas/hectare', conta a presidente da cooperativa, Maysa Gadelha. A CoopNatural foi criada a partir do consórcio Natural Fashion, para unir empresas têxteis e de confecções de Campina Grande. O algodão colorido tornou-se o diferencial do consórcio. Hoje, são 35 cooperados.Outro produtor, Mario Lemos Medeiros, de Patos, também no sertão da Paraíba, diz que a atividade é promissora, pois atende à demanda por produtos 'limpos'. Medeiros produz algodão colorido convencional, mas se prepara para aderir ao orgânico. 'No futuro pretendo exportar', justifica ele, que é presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Patos (Campal), que reúne cerca de cem produtores de algodão colorido convencional, que cultivam cerca de 400 hectares com as variedades rubi, safira e verde, 'todos pequenos.'Com irrigação, Medeiros diz que a produtividade fica acima de 2.500 quilos/hectare; já no sequeiro, cai para 1.000 quilos/hectare. Parte da produção vai para indústrias de São Paulo e Minas Gerais e parte para a Natural Fashion.De acordo com o pesquisador Carvalho, na Paraíba os agricultores ganham as sementes da Embrapa e os plantios são gerenciados pela cooperativa. A Natural Fashion processa os fios, confeccionando roupas e artesanato. A ausência de corantes sintéticos atende ao apelo de 'produto limpo.' Sendo orgânico, esse apelo é ainda mais forte.No ano passado, a cooperativa adquiriu 20 mil quilos de algodão em pluma. Hoje, a marca exporta produtos de algodão colorido para a Europa.

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